Conheça a Biblioteca solidária de Regência no Espírito Santo
A primeira inspiração de Leo Ribeiro, surgiu na internet e despertou sua atenção.
"Eu tinha visto umas geladeiras e pedi a Luiz Natal (artista plástico) e Vaninho Bragatto. Eles pintaram umas e a gente passou a botar essas geladeiras, as carcaças, no Porto (Regência). Mas ficava ao relento, começou a enferrujar, ás vezes as pessoas não fechavam (a porta da geladeira), molhava e perdia-se alguns livros. Tive dificuldade até de fazer uma tapagem lá".
A ideia era ótima, levar cultura e livros à região, quem não apoiaria? Ele então começou a encontrar barreiras.
"As pessoas que poderia pedir para dar um auxílio, tive dificuldade."
Mas se a intenção era desanimar o bibliotecário, não fez efeito.
"Então eu continuei recebendo alguns livros, inclusive aqui do condomínio (Em Vila Velha, na Grande Vitória, onde Leo mora com a esposa Luciana e filhos), as pessoas descartam o material didático dos filhos todo ano e eu ia recolhendo. Passei a disponibilizar ali em frente de casa".
A frente de casa referida é em Regência, onde o casal possui uma residência.
Os livros atualmente ficam onde funcionava uma sorveteria
"Passei a botar esses livros lá (onde funcionava a sorveteria) e foi uma coisa muito gratificante, porque o acervo ficou muito mais preservado. Ele é todo carimbado, carimbo da 'Biblioteca Solidária de Regência'.
E as regras? Quais são? Quem pode usar?
Como o cidadão de Regência ou os visitantes podem usufruir?
"Não tem prazo, não tem regra nenhuma. A pessoa pode ficar, pode levar, pode passar pra frente, pode devolver, pode doar".
E para a surpresa de Leo, após o projeto, os livros começaram a se multiplicar.
"Quando eu ia arrumar a biblioteca, quando íamos para lá nos finais de semana (Regência), eu via que estava chegando outros livros, que não eram do acervo da biblioteca solidária, eram doações. Para mim foi uma surpresa muito gratificante, os livros estavam circulando". Ele conta que ao se inscrever no prêmio da Rede Globo, não imaginava que a classificação viria.
"Quando resolvemos nos inscrever nesse projeto LED, a gente não pensou que fosse ser classificado. Até porque hoje em dia, tem projetos que podem atender um país como todo. Um projeto com nível de tecnologia, pode atender o país e até fora né? Então para nós, foi uma surpresa! Regência pequena, com o pouquinho que tem, as poucas pessoas que são atendidas, foi uma vitória! Até para dar uma resposta às pessoas que foram contra, quando eu quis implementar a biblioteca que já estava lá".
A maior dificuldade encontrada no entanto, não foram as pessoas que impuseram barreiras, mas sim encontrar um local adequado para que o projeto funcionasse, sem oferecer risco ao acervo.
"A dificuldade era achar um lugar que pudesse ser coberto né? Para as pessoas pegarem um livro e doar. . Até para disponibilizar ele no Porto, eu tive dificuldade, quis fazer um puxadinho, mas não deixaram".
As doações começam a chegar, desde o círculo de amigos do casal e rede sociais. Os livros que não tinham destino final dentro da Universidade Federal do Espírito Santo, passaram a ter uma finalidade certa.
Jose Roberto Marinho falando sobre o Prêmio LED
Imagem - Reprodução Internet
A classificação do prêmio que está em sua segunda edição, foi recebida com louvor e gratidão como citou o nosso entrevistado, que junto a esposa se inscreveu após ouvirem a chamada na TV.
"Eu e Luciana (esposa), nos escrevemos. Tem um questionário para responder, respondemos... Botamos umas duas ou três fotos que eles pediram e eu não pensei, não esperava que ia ter essa aprovação".
Pela simplicidade do projeto (segundo ele), era difícil crer em uma classificação. Mas talvez seja justamente por isso, que a bancada de julgadores do Prêmio LED, escolheram o projeto do capixaba.
"Regência Augusta uma vida de pescados, de índio, com projeto tão simples, tão singelo. Um projeto que recupera livros do lixo, livros que iam ser descartados, dando uma segunda possibilidade de utilização. Um projeto de leitura! A pessoa que lê escreve bem, fala melhor, tem condições de acessar um emprego melhor".
E a intenção com a 'Biblioteca Solidária', era justamente essa, agregar aos mais necessitados, conhecimento.
Aliás... uma das desculpas que brasileiros dão pela falta de leitura é o acesso aos livros.
"A visão do projeto é que as pessoas pudessem utilizar esse material e se preparar melhor para poder concorrer, 'com um ensino de qualidade', dá uma condição melhor, uma outra porta para a pessoa abrir e dá um futuro melhor para ela e para a família dela".
Com o projeto passando por uma comissão julgadora, quais são os próximos passos e os planos para o futuro? Leo inclusive disse ao blog, que planejam levar o 'Biblioteca Solidária' a outra vila da região, o Areal.
"Pensando lá no futuro... se o projeto... bem longe da minha realidade (risos). Se for contemplado com algum prêmio, a minha intenção é poder fazer... comprar um terreno, fazer uma coisa direitinha, com internet, pra auxiliar o estudo. Ali (Regência), são muitas pessoas carentes, nem todo mundo tem computador, então para auxiliar nos estudos. Se vier algum retorno, esse retorno não vai ser para mim. Minha intenção é disponibilizar um computador ou dois. Mas eu tenho que comprar um terreninho, pra ficar fixo. Vamos aguardar pra vê se a gente chega a semi final, mas o projeto em si, já é vitorioso".
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