Minha vida em Portugal com Nayara Cristina

 "As coisas no nosso país já é muito difícil, em solo português então... eu não precisava me enganar"




                        Sonhos... 
                Com o que você sonha?
                Quase todo mundo ou todo mundo tem um sonho que deseja realizar. Mas você é daqueles que corre atrás para que ele se concretize ou senta e espera acontecer?
                Uma pesquisa da FISERV mostrou que entre os sonhos e desejos da maioria dos brasileiros estão a compra da casa própria e no segundo lugar por incrível que pareça viajar. 
                93% dos pesquisados mencionaram viagens nacionais e os 81% seguintes, internacionais. 
                Mas no Brasil, comprar uma residência própria ou até outros bens materiais de valor considerável pode ser algo demorado ou inalcançável, ainda mais em um país com mais de 10 milhões de desempregados (IBGE - 2022).
                E é aí que entra a segunda parte de um sonho, o sonho agregador. Muitos brasileiros sonham além de ter uma casa própria ou outros bens materiais, morar fora do país justamente para poder conquistá-los. Nos últimos anos, entre 2010 e 2020, ano que nossa entrevistada esteve em Portugal, mais de 3 milhões de brasileiros já estavam morando no exterior e em 2021, mais um milhão de brasileiros se mudaram para outros países, em plena pandemia.               


                        E quais são os passos para essas pessoas morarem fora do país?  Não é fácil, mas existem algumas alternativas como irá contar nossa entrevistada. 

            Para Freud o sonho é uma realização de um desejo reprimido. Nessa entrevista, vocês irão perceber justamente isso. A mineira Nayara Cristina de 34 anos, sempre sonhou em morar em Portugal. A primeira oportunidade aparece ainda na adolescência, desconfiada como uma boa mineira, ela decide não ir. 


                       
                         Mas o sonho continuou latente e ela não desistiu, até que surgiu a segunda oportunidade e ela agarrou. 
                        Sonho realizado, concretizado e frustrado!
                        Casada, com um filho, morando em Portugal, surge um drama familiar que ela não contava. 
                        Essa é uma história, de sonho, esperança, realização e uma palavra que esse blog adora, eu particularmente, resiliência! Essa é a história da Nayara em Portugal. 



Roger - Como surge a ideia de ir morar em Portugal, você sempre teve vontade né?

Nayara - Sempre tive vontade... desde a minha infância.   Primeiramente surgiu com meus 16 anos a 17 anos. 

Roger - E depois?

Nayara - E depois essa vontade ressurgiu na fase adulta, já com esposo e filho. Já trabalhava em uma empresa aqui em BH por quase três anos. Então o acerto que pegaria já ajudava nas despesar para migrar. 

Nayara passa a procurar pessoas que pudessem ajudá-la a ir para o país que tanto desejava. 

Nayara - Corri atrás de pessoas que pudessem me orientar com informações e ajuda para ir embora. 

Roger - Em nossa primeira conversa em Belo Horizonte, você disse que desconfiou dessa primeira oportunidade que apareceu para você sair do Brasil. O que aconteceu para que chegasse a essa decisão de ir. Você já estava com toda documentação não foi?

Nayara - Estava correndo atrás de fazer o passaporte. Naquela altura até então, era tirado aquelas fotos grandes. Enfim, tinha um conhecida que me disse ter dois primos que estavam no Brasil e que eles me ajudariam a ir para Portugal e com emprego. Então fique animada e tentando tirar o passaporte para ir. A informação era que eles trabalhavam com publicidade e propaganda lá.

Mas um pulguinha atrás da orelha da mineira, começou a intrigar e a desconfiança era inevitável. 

Nayara - Passaram alguns dias, comecei a desconfiar porque já pesquisava muito sobre o país que queria migrar (Portugal). E infelizmente muitas mulheres acabavam por se prostituir para conseguir se sobressair no país e fiquei com muito receio de confiar neles sem os conhecer e cair numa "furada" dessas e ser obrigada a fazer algo que não queria. 

Roger - E foi justamente aí que você decide não ir e ficar até aparecer uma nova oportunidade?

Nayara - Sim extamente! E surgiu em 2017, onde me desliguei da empresa e já tinha os três passaportes (o dela, do ex-marido e do filho) e muita vontade de iniciar tudo de novo. 

Roger - E nessa nova ocasião bateu alguma cisma como no passado, ou não? A maioria das nossas entrevistas também demonstraram essa preocupação. 

Nayara - Acho que dessa vez era sim a vontade de Deus, porque nem pensei na cisma do passado. Aconteceu como tinha que acontecer... Ele planejou tudo e colocou em nossos caminhos um anjo que se prontificou em ajudar de imediato. 

Roger - Esse anjo que você menciona estava aqui no Brasil ou lá? Fale mais sobre ele.

Nayara - No casa é ela. Ela mora em Portugal já fazia uns 9 a 10 anos. É sogra da minha tia, não me lembrava muito dela porque era pequena quando ela visitava minha avó e tia. 

Roger - De que forma ela os auxiliou?

Nayara - Nos mandando a 'carta convite'. No caso, para receber eu, meu ex-marido e meu filho e nos ajudar com emprego e moradia. 




O que é a carta convite? A carta convite, mencionada por Nayara é um documento apresentador no desembarque à imigração. Nele, o morador de Portugal informa às autoridades que o viajante ficará hospedado em sua residência, além de se responsabilizar por ele.

"O que me motivou ainda mais a saída do Brasil foi dar um futuro melhor para o meu filho". Nayara continua contando como Dona Eliane foi importante na vida do ex-casal e da criança no novo país. 

Nayara - Dona Eliane recebeu o pai do meu filho (ele viajou primeiro) e o ajudou com emprego, ele ficou em sua residência. 

Roger - Então foi a Dona Eliane quem mandou a 'carta convite'. No caso o primeiro a ir para Portugal foi seu marido. É depois que ele deixa a casa de Dona Eliane, que você viaja?

Nayara - Sim. Meu ex-marido foi primeiro com o auxílio da carta dela. Ficou em Covilhã por algumas semanas ou uns dias a mais, não me lembro muito bem. Porém o serviço que ele tinha arrumado com a ajuda dela e do marido em uma obra lá perto, pagava muito pouco. Ficou na dúvida se conseguiria se adaptar a ganhar o valor do ordenado tendo despesas na casa, o valor do imóvel e ainda juntar dinheiro para que eu e meu filho conseguíssemos ir em pouco período de tempo. Então batia nele a vontade de voltar ao Brasil. Mas vida de imigrante não é nada fácil, né?

Imagem de Covilhã - Reprodução internet



Roger - Não mesmo, as pessoas acreditam que sim, mas não é! E acho que o nosso papel aqui no Blog é esse, desmistificar. Muito das entrevistadas falam que principalmente brasileiros pagam muito pouco à outros brasileiros. Nesse caso, esse primeiro emprego do seu ex-marido, era empregador brasileiro ou português?

Nayara - Na verdade, eu não me lembro muito bem, mas acho que era português. Mas assim, por mais que seja um trabalho em obras, há sempre empregadores que pagam um pouco a mais um pouco a menos, tem que procurar quem paga um pouco melhor. E foi por isso que ele se descolocou para Setúbal/Seixal para um novo emprego. 

Setúbal - Imagem reprodução internet



Roger - E depois de quanto tempo que ele foi para Setúbal que você vai ao encontro dele?

Nayara - Meu pai me disse que tinha um primo que morava lá alguns anos e trabalhava com obras e que poderia ajudá-lo com emprego pois conhecia muitas pessoas.  O Bill o apresentou ao Paulo que é um português e que ofereceu um serviço e também o contrato de trabalho e que me enviou uma carta contive (outra) para ir com meu filho depois de 5 meses. 

Nayara e o filho


Roger - Seu filho tinha quantos anos nessa época?

Nayara - Seis anos. 

Roger - Então chega a carta e você começa a preparar sua viagem. Seu filho já estava iniciando a escola? Sempre pergunto as pessoas que vão de mudança, qual era o sentimento naquele momento. E esse era um sonho seu, você lutou por ele. O que se passava dentro de você naquele momento?

Nayara - Fomos no início de dezembro de 2017, aqui praticamente já tinha acabado as aulas e lá o ano letivo já tinha começado em setembro. Então ele ia entrar um pouquinho atrasado, mas estava tranquila com a escola porque já tinha conhecimento que seria fácil colocá-lo em uma boa escola. Mas o sentimento de estar próximo a viajar era surreal, um mix de alegria, um pouco de medo, de conforto por ser algo que sempre quis e que estava perto de se realizar... Nossa era incrível, cada dia que se aproximava. 

Roger - E seu filho, apesar de ser muito pequeno, o que ele falava?

Nayara - Estava animado também e com muitas saudades do pai. Nunca tinha ficado longe dele e já tinha cinco meses que só o via por vídeo chamada. 

Roger - Imagino como esse período tenha sido complicado né? Ter que lidar com a saudades que seu filho sentia e administrar a expectativa dele e sua. 

Nayara - Sim. Ele chorava muito com saudades do pai. E as expectativas eram maiores por ir morar fora. Sabia que não seria fácil e não fantasiava as coisas na minha cabeça. Mas lógico que que pensava no melhor que poderia fazer para construirmos um futuro lá. Tinha um frio na barriga, de entrar no avião que eu tinha medo. Foram várias superações né? Então era surreal. 

Até então Nayara ainda não tinha voado e seu primeiro voo foi de pouco mais de 9 horas até Portugal



Roger - O sonho sempre partiu de você, mas como mencionou não fantasiava nada. Ou seja, você realmente estava indo com os pés no cão

Nayara - Sempre com os pés no chão! Desde muito nova fui de correr atrás do que almejava, sonhava e sonho alto até hoje. Mas sempre tive em mente que nada cai do céu. Se eu não for atrás, não aparece de bandeja na minha frente. E em um país onde não conhecia ninguém, não teria meus pais, irmão ou amigos, não seria diferente. As coisas no nosso país já é muito difícil, em solo português então... eu não precisava me enganar. 

Roger - Eu tenho uma dúvida, sua vontade era só de morar em Portugal ou poderia ser outro país? 

Nayara - À princípio Portugal mesmo. Mas tinha muita vontade de um dia de me mudar para o Canadá. Mas aí teria problema com a língua, que não sei nada (risos). Mas mesmo em Portugal, pensava na possibilidade de conhecer a Espanha, Itália e França que estão mais perto. Eu e meu ex-marido pensávamos em morar em Luxemburgo também, pois ele conheceu um português que falava muito bem de lá, do salário e melhores condições. 

Roger - E você ainda não tinha voado? Foi sua primeira experiência?

Nayara - Sim... até hoje foi minha primeira experiência no ar. Fui e voltei com medo, não vou mentir. (risos)
. (foto ao lado no voo de volta ao Brasil        
                                                                                                                                                                                Roger - Foi realmente uma superação, com filho e horas de voo. Imagino o pânico.                                                                                 Nayara - Ele conseguiu dormir um pouco. Me contorci para ele se ajeitar e não se sentir incomodado. Fui sem dormir o voo todo, mas sempre pedindo a Deus para tomar conta de tudo, porque ainda tinha a imigração para passar. 

Roger - E você tinha medo desse momento, mesmo estando com a carta em mãos?

Nayara - Sim, muito!! A imigração é uma caixinha de segredos, podem te passar ou não. Mesmo eles tendo em mente que a maioria dos brasileiros, entram no país para ficar e não a turismo como falamos. É contar com a sorte!

Roger - E como foi no seu caso. Você aterrissou e foi para a imigração. Naquele momento qual foi a primeira pergunta que te fizeram?

Nayara - A fila estava enorme e nesse momento o medo se instalava. Mensagens do Brasil para ver se tinha dado tudo certo, se tínhamos chegado e meu ex-marido tetando falar comigo sem muito sucesso por conta da rede, não sabia se tinham nos barrado. 

Nayara continua explicando sua experiência, o pânico de passar na Imigração em Portugal. De acordo com o 'Serviço de Estrangeiros e Fronteiras', das 1035 pessoas barradas no país em 2021, 910 eram de brasileiros, que representavam 88% desse número. 



Nayara - A espera continuava e a fila foi diminuindo. Chegou a minha vez... O coração quase saia pela boca, mas tentava me mostrar 'plena' e sem preocupação ou medo nenhum para o agente. Com respostas na ponta da língua, caso me perguntasse algo. Acho que consegui apesar de suar frio nessa hora (risos). Foi até engraçado em uma jogada rápida, sem pensar muito... O rapaz pediu os passaportes, olhou bem para mim e meu menino e o mesmo estava bem cansadinho coitado, com dor nos ouvidos por conta do avião e sem paciência nenhuma. Aí antes do agente me perguntar algo e acho que iria me perguntar, já soltei meu filho: 'Não sente na mala, vai acabar amassando os presentes de natal'. Ele continuou a olhar, carimbou os dois e mandou prosseguir, ali só agradeci a Deus e respirei, porque eu acho que nem respirar eu conseguir direito!

Roger - Você tentou esconder esse medo por conta da insegurança mesmo estando com a carta?

Nayara - Não tem como não ter... mesmo com a carta em mãos. Não dá para saber se será tranquilo ou não. 

Roger - Me lembro na nossa primeira conversa que você falou sobre um insight e hoje analisando se você não tivesse pensado nisso e falado com seu filho "não sente, vai amassar os presentes", Você acredita que teria acontecido alguma complicação?

Nayara - Acho que sim! Sentia que ele iria me fazer perguntas tradicionais como 'o que eu fui fazer no país', 'quantos dias ia ficar', 'onde e com quem ficaria', valor em Euros que levava'. Sabia o que ia responder, mas tinha medo das perguntas. Porque eles sabem jogar com a gente para pegar uma mentira. 

Roger - E tinham presentes mesmo?

Nayara - Nada (risos). Só as coisas que conseguir levar mesmo, além dos nossos sonhos guardados. Nem dinheiro eu levava, só um cartão que nem tinha limite alto, mas que era aceito por ser de uso internacional também. 

Roger - Pois é Nayara e se tivessem te perguntado, quanto você tinha e quanto tempo iria ficar, qual era a realidade naquele momento?

Nayara - Estava com passagem para 16 dias, caso perguntassem. Carta convite e seguro viagem. Quase tudo certo, menos dinheiro. Mas quando se entra com a carta, a pessoa que me enviou meio que se 'responsabiliza', pela sua estadia no país. E no meu caso, o Paulo (português), estava nos esperando no aeroporto do lado de fora, se algo desse errado. 

Nayara conta que se algo desse errado, ela chamaria a pessoa que enviou a carta. Ela ainda conta que durante o tempo que ficou na fila rezava. 

"Enquanto estava em pé e rezando, parecia uma eternidade. Não sei dizer bem se andou rápido, se foi parado algumas pessoas ou não. Só tentava olhar de longe a cara de cada agente e como as pessoas precediam". 

Roger - E você tinha muitos sonhos né? Conseguiu passar, procurou a escola para o seu filho e com relação ao seu trabalho. A procura foi através de rede social, site, jornais ou amigos?

Nayara - No início tudo com a ajuda do Bill. O refeitório que fiquei por dois meses foi por procura dele, que ficou sabendo que o Sr Camões (proprietário), precisava de uma ajudante, me indicou e eu fui. Depois que sai de lá, fiquei 17 dias parada e ficamos sabendo que no supermercado daquela freguesia estavam precisando. Fui um dia pela manhã assim que deixei o menino na escola e conversei direto com o dono, Sr Rui. Ele me fez algumas perguntas e se eu queria fazer um teste aquela tarde depois do almoço. Lógico que aceitei de imediato e ali fiquei até voltar para o Brasil. 

Nayara indo para o trabalho
em Portugal



Roger - Ainda falando de Imigração. Algumas pessoas já nos contaram que tinham medo lá dentro de Portugal e não iam a alguns lugares por conta disso. Vocês tinham esse cuidado?

Nayara - Fiquei sabendo disso, mas que era mais visado trabalhar em lugares onde o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) faziam a 'varredura', de vez em quando em Lisboa. Na Freguesia onde morava e trabalhava não ficava muito neurótica com isso não. Mas evitava falar muito da minha vida e da família para qualquer um, principalmente brasileiros... infelizmente. Acabam que são aqueles que saíram do Brasil também para tentar uma vida melhor como nós e tentam prejudicar. 

Roger - Fala um pouco mais sobre essa 'varredura'. Conheceu história de alguém que foi pego durante essa ação?

Nayara - Não exatamente! Conheci  um senhor brasileiro que fui ajudar nas entregas de marmitex nas casas dos idosos. E ele me alertou porque já tinha visto muitos casos e que era para eu ter cuidado se arrumasse emprego nessas áreas mais visadas e visitadas por todo tipo de turistas. 

Roger - Esses cuidados se resumiam a?

Nayara - Evitar regiões como Lisboa, enquanto não estava com os documentos. Resumindo, enquanto não estivesse legal, ficar mais em sítios onde o SEF não fazia buscas por imigrantes. 

Roger - Ai você chega em Portugal, você já estava com emprego lá também ou não?

Nayara - Não. Cheguei antes do natal e antes do ano acabar me atentei a olhar uma escola. Depois de tudo arrumado e ele iniciar as aulas em 3 de janeiro na Escola Primária de Pinhal de Frades (Freguesia/Bairro), onde morávamos comecei a procurar emprego para ajudar nas despesas de casa. 

Roger - Então à princípio você chega para organizar tudo e depois começa a procurar um emprego. E na escola foi tudo tranquilo?

Nayara - Na escola foi muito tranquilo. O primo do meu pai, O Bill foi quem me levou, conhecia muitas pessoas, então me auxiliou em tudo. Até para retirar o NIF, com um português conhecido dele. Depois de um tempinho, arrumei meu primeiro emprego temporário e por ajuda dele (Bill) em um refeitório de empresa, fiquei por dois meses. 


NIF - Número de identificação fiscal. É um número sequencial

Roger - Vamos falar do NIF. Apesar de muitos leitores já terem lido até aqui, explique o que é o NIF e como ele é essencial.

Nayara - O NIF é de muita importância para a estada em solo português. Seria o nosso CPF aqui no Brasil. Você precisa dele para tudo. Mas sempre andava com meu passaporte também. porque pra nós imigrantes é nosso documento de identificação. Sem o NIF, não conseguiria nem escola para meu filho, então é de suma importância. 

Roger - E você chegou a conhecer outros países ou não deu tempo?

Nayara - Infelizmente não, só trabalho e casa. O pouco que conheci em Portugal foi com amigos português, depois que me separei. 

Em passeio com o filho


Roger - E não foi difícil fazer amizades com eles?

Nayara - Não.. Graças a Deus as pessoas que nos ajudaram e auxiliaram sempre foram de extrema importância no período que estava no país. A Céu (esposa do Paulo), foi a primeira portuguesa que conheci e me levava em alguns lugares para conhecer, nos supermercados e tal. Depois fui conhecendo mais portugueses que fiz amizade e tenho contato até hoje. 

Roger - E sua experiência no seu primeiro trabalho no refeitório?

Nayara - Foi bacana! Trabalhava com o Sr Camões e depois com uma outra cozinheira também, a Fernanda. Só precisa ajudar à colocar as coisas em ordem. Lavar panelas, porque pratos, talheres e xícaras lava na máquina de levar louças. Chegava já preparando a salada que era minha responsabilidade. 

Roger - Você tinha todos os seus direitos garantidos? O que era diferente?

Nayara - Não! Recebia o ordenado de 400 Euros mês (Valor do salário em Reais 1.472. No Brasil naquela ocasião o valor do salário mínimo era R$ 937), me alimentava lá mesmo e na maioria das vezes podia levar o que ficava a mais para casa porque não utilizavam no outro dia. 

Roger - Dizem que não é bom ir sem planejamento, sem de fato conhecer pessoas lá. Isso quando você quer morar em Portugal ou outro país. Você acha que o fato de ter se dado bem, foi por isso. Do pé no chão, por ter corrido atrás de conhecidos lá?

Nayara - Sim.. Por isso que eu falo que Deus planejou e foi tudo como ele quis. Sei de relatos também, que não foram tão bons. Mas os portugueses que conheci nessa época foram  de grande valia para mim. Além do meu primo, que me ajudou muito. Alguns em especial tenho contato até hoje. Tem sim que planejar tudo, porque viver fora não é um conto de fadas não. Recebemos muita ajuda, muita mesmo. Desde a saída do Brasil, até os últimos dias que fiquei lá. 

Roger - Você sentiu que algo era diferente, porque a maioria dos brasileiros não falam bem em questão salarial. 

Nayara - Assim... a gente percebe um olhar diferente para nós brasileiros, não são de todos, mas grande parte sim. Principalmente para nós brasileiras. Mas quanto a direitos trabalhistas, não tinha muito entendimento sobre. Só tinha em mente que precisa ajudar com as despesas em casa e que tinha que pegar o que aparecesse porque sem documentos não tinha como exigir muito, só procurar alguém que pagasse um pouco melhor. 

Roger - Esses olhares diferentes que você cita? Muita gente inclusive cita preconceito de portuguesas contra brasileiras, sentiu isso?

Nayara - Sim... infelizmente nós brasileiras não somos tão bem vistas e a Joana (amiga), me explicava isso e a ter cuidado com olhares desse tipo para não sair prejudicada. Mas não só por esse contexto, alguns olham para a gente como uma 'ameça, que podemos tirar o emprego deles, ou algo do tipo'. 


Roger - Mas então você chegou a sentir um pouco desse preconceito que as brasileiras citam das portuguesas?

Nayara - Senti muito pouco, mas como trabalhava em comércio tratava todos igual para não ter esse tipo de transtorno. Mas as portuguesas que convivi sempre me deixaram bem esclarecida quanto a esses fatos. 

Roger - Aí depois do seu primeiro emprego, você fica alguns dias em casa até começar no segundo. Qual era a função?

Nayara - No segundo emprego, minha amiga Inês (trabalhava com Nayara) me ensinou tudo e mais um pouco no supermercado. Fiquei na parte das frutas, atendendo os clientes. 

Nayara indo para seu segundo emprego em um supermercado



Nayara conta que nesse supermercado a venda de frutas era totalmente diferente do Brasil. 

Nayara - Diferente do Brasil, não são eles que escolhem as frutas e sim nós, que é para não ficar apertando ao escolher e ter que desfazer do produto. Tinha que arrumar as hortaliças, frutas e verduras. Fazer reposição quando acabasse, essas coisas. Aí buscava na outra rua paralela ao restaurante com um carrinho um monte de caixas pesadas de frutas na revenda do meu patrão e empilhávamos em um skate e colocávamos tudo em ordem. 

Roger - E como foi a sua reação ao saber dessa diferença entre os dois países ao escolher frutas?

Nayara - Achei super diferente. Aqui todos escolhem, o que querem levar, apertam as frutas para saber se estão boas, maduras ou não. Lá isso não era permitido, pelo menos no supermercado que eu trabalhava. Os hipermercados maiores, não tinham essa restrição toda, algumas frutas já vinham embaladas. 

Roger - E qual foi a maior diferença cultural entre os dois países que te causou espanto?

Nayara - Aqui estamos acostumados a fazer festa para tudo né? Churrasco, ficar na beira do asfalto no fim de semana e som alto nas casas e automóveis . Isso não se encontra lá, pelo menos onde vivi, não! Fim de ano alugamos mesas e fomos para o centro que ficava na frente da minha casa e onde meu filho ficava quando chegava da escola até esperar o pai chegar do trabalho. Enfim, festa só assim de fim de ano, com várias famílias no mesmo local. Não há barulhos nas ruas de sons automotivos e são sempre bem limpas, porque há um carrinho que não me lembro o nome que faz a  limpeza diária e o caminhão de lixo só passava nas ruas á noitinha, esses sim faziam barulho (risos). E não posso esquecer da pronúncia, que mesmo sendo parecidas com a nossa, dão sentido diferente. 

Roger - Uma das nossas entrevistadas também já mencionou sobre isso. Chegou a ser uma dificuldade no início ou tiraram de letra?

Nayara - Um pouquinho... lembro de uma vez, que uma amiga me pediu algo no supermercado para a cliente. Fiquei sem saber o que era e ela estava muito apertada no serviço, ficou até sem paciência tadinha, porque a cliente era bem exigente e eu peguei algo nada a ver (risos). Depois rimos da situação e começamos a falar o que era pronunciado no Brasil e como eles chamavam algunas coisas lá. Tipo para tirar dúvidas minha e dela a respeito de pronúncias. 


Roger - Quanto tempo você permaneceu nesse segundo emprego?

Nayara - Nesse fiquei até quase vir embora, porque sai de lá para tentar viver em Aljezur. Como tinha me separado, em um tentativa de retorno fomos morar lá com a ajuda de amigos que moram aqui no meu bairro em Vespasiano/Minas Gerais e já estavam lá com seus filhos a um tempinho. Mas não deu certo e retornei para o Brasil com ais ou menos duas semanas, depois de me mudar para lá. 

Aljezur - Portugal

Roger - Pois é vamos entrar nesse assunto que te trouxe de volta ao Brasil e que é um assunto delicado. Conte para nossos leitores qual foi o motivo primordial para você voltar ao Brasil, mesmo depois de tanto esforço para realizar seu sonho. 

Nayara - Aquele assunto um pouco mais delicado, mas que não chega a ser um tabu. Enfim, meu retorno se deu ao término do meu casamento. Minha mãe e meu irmão estavam bem preocupados comigo e meu filho porque para eles estávamos sozinhos e pediam para que voltássemos. Não tinha a intenção, mas depois que sai do serviço, acabei concordando. Me esforcei muito sim! Fiz de tudo para concretizar e conseguir. Mas nem tudo são como rosas começou aí  a parte ruim de toda a história de fadas que a gente tenta ter.

Roger - Foi uma traição né? Como você descobriu? O que aconteceu? Nesse tempo até você descobrir já estava em casa, ou estava trabalhando ainda?

Nayara - À princípio já não estávamos nos dando bem e optamos por nos separar. Já dormíamos em quartos separados, já que tínhamos tomado aquela decisão. Mas em uma certa altura, coloquei a mão na consciência e vi que ele estava certo por muitas coisas, mas o que eu pedia também não era nada demais. Resolvi ceder e por mais que ele já estava a olhar um lugar para ficar, corri atrás do meu casamento que estava indo por água abaixo. Pensava: 'Poxa, já estamos longe de casa, viemos dar um futuro melhor para o nosso filho, mesmo que ele vá embora, vou mostrar que vai ser diferente, vou mudar e ele vai ver isso'. Comecei a tentar a reconciliar e como ele mesmo me disse, eu já estava me humilhando.. nossa foi um tapa na minha cara, mas queria mudar mesmo e não me separar.  

Roger - Você diz que estava se humilhando, isso você percebe hoje, mas naquele momento não?

Nayara - Sim, isso hoje! Porque como coloquei para mim mesma depois de algumas voltas sem sucesso (risos). 'Não devo chorar porque acabou e sim sorrir porque aconteceu'. Naquele momento não achava que era humilhação, quando brigávamos ele que tentava deixar as coisas numa boa. Então naquele momento de perda total, era eu quem deveria fazer o que ele sempre fazia, dependia de mim. Era o que eu pensava. 

Roger - Ele já se relacionava com outra pessoa?

Nayara - Sim... Ele tem uma pessoa desde aquela época. Naquela altura eu resolvi pegar o telefone dele e de cara percebi que tinha trocado a senha, já achei muito estranho. Fui tentado desbloquear durante a madrugada inteira e quando estava quase desistindo consegui, sei lá como. Ali vi que ele conversava com outra pessoa e que se entendiam muito bem e que ele estava decidido a se separar e viver com ela. Não tinha muito o que fazer né?

Roger - E ela não era uma brasileira né?

Nayara - Não, era uma portuguesa

Roger - Fiquei refletindo muito sobre isso, desde quando você me contou essa história. E imagino como você de ter se sentido. Ele hoje ainda estrá com ela né e como ficou essa relação de vocês, já que tem um filho?

Nayara - Me senti muito mal, nossa só Deus sabe! Mas acho que tudo tem um propósito para acontecer. Ele continua com ela e acredito que estejam bem, se merecem, não quero o mal dele, nunca quis é o pai do meu filho. É lógico que rolou uma frustração, um remorso grande. Mas voltei com ele cinco vezes, inacreditável mas foi. E é aí que vejo que as coisas não devem ser mudadas e devem seguir o percurso natural delas. A gente não dava certo e nem teria como dar, só tentávamos insistindo em algo que já não existia mais. Hoje não nos falamos e prefiro que seja assim. Não tenho raiva dele, mas também não acredito que nessa altura queira ter algum contato ou amizade. Fico chateada porque poderia e deveria ter ficado lá. Foi a concretização de um sonho meu, que corri muito atrás para realizar. E sei que para um retorno ao país pode ser difícil já que fiquei ilegal.

Roger - Eu acho que você foi muito forte!

Nayara - Hoje eu tenho consciência disso e sei que nada mais me abala. Meu maior incentivo é meu filho, ele sim me apoia em tudo (risos). 



Roger - Imagino como sua família ficou aqui com tudo isso. 

Nayara - Minha mãe passava até mal aqui. Ficava com medo de alguém me fazer algo lá. Meu irmão quis vender o carro e ir para lá (risos), não sei se para ficar comigo ou me buscar a força (risos).

Roger - Como estava sua cabeça dentro do avião ao voltar?

Nayara - Passava mil coisas! Muito triste, chateada, virando as costas para os meus sonhos e futuro um pouco melhor para o meu filho. Senti que fracassei na hora que o avião decolou. (Foto ao lado com o filho voltando para o Brasil)

Roger -  Quando você diz que se tornou ilegal o que houve?

Nayara - Ficamos com visto de turismo por 3 meses né? Depois podendo prorrogar por mais três meses. Quando vim embora estava perto de pegar minha residência que já estava agendado para outubro de 2019. O serviço para legalizar brasileiros no SEF é bem demorado porque a demanda é grande né? Acredito que o atraso se deu por conta desse detalhe. 

Roger - Hoje depois desse tempo a sensação de fracasso que você mencionou passou? Você conseguiu realizar seu sonho, conheceu e viveu em um país por um tempo. Hoje você enxerga de outra forma, que o erro não foi seu ou ainda bate essa sensação?

Nayara - Passou sim! Mesmo porquê tenho em mente que se conseguir isso sozinha a primeira vez, consigo de novo com muito mais força de vontade nessa segunda vez. A sensação que tenho é que estou bem mais preparada do que antes. O esforço que vou fazer é por mim e pelo Thalysson. E que o erro de não ter dado certo como achávamos que daria, foi dos dois. Não tem erro pequeno ou erro grande, os dois erraram igual. A diferença é que eu vou superar mais uma vez as minhas expectativas com meu próprio esforço. 

Roger - Mas qual foi seu erro no seu ponto de vista?

Nayara - Antigamente eu achava que sim. Eu depositava a culpa toda em cima de mim, sabe? Ele mesmo falava que carregava o casamento todo em cima das costas e como eu era um pouco mais difícil de lidar. Ele sempre foi mais carinhoso, mais atencioso, eu sempre fui mais seca, mais na minha, sem demonstrar muito sentimentos. Então quando isso aconteceu eu achava que sim, que a culpa maior foi toda minha. Mas com o decorrer do tempo eu tirei essa culpa, porque eu acho que todo mundo tem um jeito né? Ninguém é igual a todo mundo, todo mundo têm personalidades diferentes e a minha é diferente da dele. Eu sempre fui assim e acredito que sempre vou ser com qualquer pessoa que eu venha conhecer. Então já é o meu jeito, então não deposito mais essa culpa em mim. Relacionamentos, casamentos acabam. Acho que todo mundo tem uma pessoa certa para conhecer e eu acho que ele conheceu a dele. 

Roger - Quando estivemos juntos você falou sobre a vontade de voltar à Portugal. E agora, você diz que estrá mais preparada para esse retorno. Apenas ideia ou realidade?

Nayara - Tenho muita vontade sim! Estou bem mais preparada pelo fato de saber que hoje é só eu e meu filho. E o que tinha que passar já foi. Agora tento me dedicar ao processo de retorno, tirar outro passaporte e juntar dinheiro para mais uma vez voltar e correr atrás de tudo o que planejei para nós em Portugal. 

Roger - E daqui a quanto tempo?

Nayara - Queria muito no início de 2023, mas acho que só consigo para o final dele. Quero fazer alguns cursos primeiro e me aperfeiçoar na área que pretendo atuar.

Roger - E qual seria a área? Você daria essa dica inclusive para quem tem o mesmo sonho de morar fora do Brasil? Acha que as pessoas devem estar melhor preparadas antes de viajar?

Nayara - Seria na área de beleza como nail designer, sobrancelhas e cílios. Sim é primordial se preparar antes mesmo que a pessoa saia daqui  com toda a força de vontade para trabalhar no que aparecer, tem que ter um planejamento do que pretende conquistar, né? Do que almeja em um novo país. Fui com vontade de sobra para encarar o que viesse, mas sabia que teria algumas dificuldades. Por isso me dediquei a carteira de habilitação assim que cheguei, nas duas categorias porque sei que é algo que faz falta, vou fazer meus cursos para em algum momento trabalhar por conta própria e fazer meu nome e pretendo fazer outra graduação, mas estando lá. Se Deus me permitir!

Roger - E como são os portugueses nessa questão da beleza. Nail design é uma área que está em constante crescimento por aqui e por lá?

Nayara - São diferentes no modo de fazer, mas eles dão muito valor no trabalho das brasileiras porque é diferenciado. Procuram sempre tentar fazer igual ou mais próximo possível. 

Roger - E como será com seu filho. Ele irá junto ou ficará no Brasil?

Nayara - Com certeza vai comigo (risos). Não tenho coragem e nem conseguiria ficar longe dele. E agora um pouco maior é ainda mais fácil, já tem algumas responsabilidades.



Roger - Acha que a questão escolar também será mais fácil já que ele está com um pouco mais de idade?

Nayara - Sim, estando maior já ajuda bastante. Antes pagava para ele ficar no centro. Um local onde ele tinha atividades regularmente. O levavam e buscavam da escola. Estando maior já poderá ir sozinho
. (Thallyson comemorou seu aniversário em Portugal - foto ao lado).                                                                                                                                         
Roger - Esses centros seriam uma espécie de creche é isso?                                                                                                                       Nayara - Sim, mais ou menos isso. 

 Roger - E qual era o valor desses centros. É caro para os pais que que deixam seus filhos?

Nayara - Pagava em torno de 120 ou 130 Euros. Eles levavam e buscavam na escola, ajudavam no dever de casa quando a criança tinha. E todas as segundas tinha aula de handbol. Durante as férias pagava pouca coisa a mais, porém passeavam com as crianças as férias todas. 

Nayara conta que o filho poderia ficar nesse centro das 7 da manhã até as 19 da noite. 

Roger - Muitos brasileiros que moram fora, dizem que não dá para ficar fazendo conversão. Como era contigo, você fazia?

Nayara - Não, também acho que é diferente! Uma coisa é você mandar dinheiro para o Brasil outra coisa é você receber em Euro e gastar em Euro. Se converter fica elas por elas... Mas se você vai morar fora, começa a gastar o que ganha lá e não acho que seja tão alto os valores para consumo lá. 

Roger - O que você viu que mais te surpreendeu como relação à valores?

Nayara - Temos uma qualidade de vida e um poder de compra diferente daqui. Nunca tive uma máquina de lavar roupas e centrífuga, lá nos primeiros 20 dias já tinha uma nova e comprada a vista. 

Roger - Imigrante em Portugal na sua visão?

Nayara - Alguém que está convicta para o melhor em sua vida e para os seus. Infelizmente nosso país não nos da condições de uma vida um pouco mais digna, então resolvemos  mudar a qualquer custo. Acho que é de extrema coragem uma pessoa seguir outro rumo longe da família e amigos por um bem maior sabe? Ser imigrante não é nada fácil, mas para mim. nada que é fácil me atrai, gosto do desafio e de concluir cada etapa.


Roger - Qual foi a sua melhor experiência lá?

Nayara - Desde que coloquei os pés no país me senti muito bem, aquele momento foi incrível. Então tudo o que fiz e passeio, foi de muita importância e uma grande experiência na minha vida. Fazer boas amizades, foi uma coisa que me deu muito impulso em tudo, principalmente depois da separação. A experiência de fazer amigos, irmãos em uma terra que não conhecia ninguém e serem importantes para mim até hoje. 

Roger - Por fim, que conselho daria para um brasileiro (a) que sonha em morar em Portugal e que ninguém te deu.

Nayara - Planejar muito bem e ir com o coração e mente abertos para os novos desafios e para os percalços que a vida dá. Ter em mente um sonho e só parar para planejar outro quando o primeiro for conquistado. 


Instagram Nayara - @nayara.cristina.9
Instagram Roger  - @rolecomroger

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Comentários

Anônimo disse…
Adoro essas entrevistas de brasileiros qu moram fora do Brasil e as suas maravilhosas, parabéns Roger
Anônimo disse…
Que chato eim a moça batalhou tanto pra chegar ate o pais e esse ex-marido faz isso. Ele devia ao menos ter sido sincero com ela. BABACÃO
Anônimo disse…
Eu bnão julgo mas não teira voltado deu mole sonhou em ir pra la uma vida inteira e esse cara fez isso com ela ai ela volta de jeito nenhum voltava
Anônimo disse…
É uma ótima história dessa moça uma verdadeira batalhadora parabéns moça que Deus te abençoe e que realize seus sonhos

Vai dar um rolê pense na gente, compre sua passagem aqui e vai de buser

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